O Diretório do PT de Betim se reunirá, nesta quinta-feira (19 de dezembro), na sede da legenda, no bairro Chácara, e uma das principais decisões do encontro será a votação que pede a expulsão do partido do ex-prefeito, Jésus Lima. A Executiva municipal da sigla abriu um processo disciplinar contra o petista, que comandou a cidade entre 1997 e 2000, alegando que ele não cumpriu o Estatuto e o Código de Ética e Disciplina do Partido dos Trabalhadores.
O embate entre Jésus Lima e parte de filiados do PT Betim se acirrou nestas eleições municipais, depois de o ex-prefeito ter afirmado publicamente ter sido contra a decisão da sigla de lançar Vinícius Resende (PV) candidato a prefeito de Betim pela Federação PT/PV/PCdoB. Apesar do embate, o postulante foi derrotado nas urnas por Heron Guimarães (União Brasil), eleito novo chefe do Executivo em Betim.
De acordo com o documento que pede a expulsão de Jésus, ao qual O Tempo Betim teve acesso, o diretório do PT afirmou, que o ex-prefeito se mobilizou contra as decisões de instâncias superiores do partido, atentou contra a dignidade da sigla, desrespeitou o Estatuto do PT e atuou contra as decisões partidárias.
"Sendo sabedor das regras, (Jésus) se aproveitou do momento eleitoral para realizar acusações sem provas contra dirigentes e lideranças do PT em meios de comunicação, fora das estruturas internas (do partido)", declarou o documento, assinado por Edmar Alves da Rocha, Gislande Maria de Oliveira e Eduardo Lucas de Rezende, todos filiados ao PT em Betim.
Segundo o grupo, Jésus não apresentou provas das denúncias feitas e fez acusações levianas contra o partido, contra lideranças municipais e contra dirigentes nacional do Partido dos Trabalhadores, como a ex-prefeita Maria do Carmo Lara e a secretária Nacional de Planejamento e Finanças do PT, a tesoureira Gleice Andrade. O objetivo das ações de Jésus, conforme alegou o documento, foi o de "desrespeitar a decisão, desconstruir a imagem da direção municipal e agredir dirigentes e lideranças do partido".
Em conversa com a reportagem, Jésus se defendeu alegando que o que fez foi apenas denunciar a "trama" de Gleide Andrade e Maria do Carmo para derrubar uma candidatura do PT que, segundo ele, já tinha sido escolhida pelo Diretório Municipal do PT.
"Foram contra a decisão democrática e impuseram autoritariamente, goela abaixo, um candidato bolsonarista, zemista e ficha suja no lugar. Deu no que deu. O nosso PT perdeu e, agora, querem jogar a culpa da derrota no Jésus por ter feito a defesa do PT e da democracia interna", disparou o pestista.
Para o ex-prefeito, o pedido de expulsão dele do PT municipal é uma medida extremista. Ele ainda acusou o grupo de fascismo. "O álibi deles é a tal Federação, de que teria sido um decisão nacional e é a acusação que me fazem. Até nisso se acovardam, pois foi tudo tramado aqui em Betim. Não assumem o estrago que fizeram no PT e, agora, agem com extremismo. Infelizmente, a tirana da Gleide Andrade vem a Betim só pra dar dinheiro pros seus cabos eleitorais. Quem não está com ela, não basta ser derrotado, tem que ser eliminado, morto, expulso. Isso é fascimo na sua mais cruel demonstração", acusou Jésus Lima.
A reportagem entrou em contatou com o presidente municipal do PT, Edson Soró, que disse que não poderia comentar sobre o "processo por questões internas".
Em razão da confusão, os filiados da legenda, entre eles, Jésus Lima, fizeram uma representação nas Executivas estadual e nacional do PT e registraram uma queixa-crime na 4ª Delegacia de Polícia Civil contra dirigentes municipais do partido. Na representação, os filiados pediram que fosse instalada uma comissão de ética para apurar o caso.