OPINIÃO

O fenômeno X

Musk difere substancialmente de qualquer político, é admirado dentro e fora dos Estados Unidos como um super-homem, um avatar das novas tecnologias, um gênio

Por Vittorio Medioli

Publicado em 02 de março de 2025 | 15:03

 
 
Elon Musk
Elon Musk Foto: AFP or licensors
Vittorio Medioli
Colunista de Opinião
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aspas

Quem será o próximo presidente dos EUA? Sempre que não venha a ser eliminado antes das eleições, como tentaram com Trump, aposto: Elon Musk.

O tamanho descomunal da sua personalidade aponta sempre para o vértice da excelência. Quando aceitou entrar na seara política do governo americano, escolhendo um desafio público como vem fazendo, pode-se deduzir que na sucessão de Donald Trump, em 2028, será “naturalmente” um protagonista. Até o principal – desde que decida deixar seus negócios em outro plano por algum tempo.

Para o mundo político cogitar essa eventualidade, dá calafrios. Ele não tem nada, absolutamente nada de político, contrário  à ineficiência, ao jeito malandro, à incompetência que grassam mundo afora quando a politicalha domina. Ele é uma ameaça de extinção de um mecanismo cada dia mais desacreditado.

A humanidade dá sinais de estar “cansada” de figuras carimbadas, que já não despertam mais aquela admiração. Os recém-eleitos em países ocidentais mostram novas características, resultantes do voto de eleitores de última geração, moldados pelas imensas mudanças tecnológicas e comportamentais das últimas décadas. Um curto período que possibilitou a desconcentração e pulverização das fontes de informação e opinião.

Para os donos do mundo, a gestão de seus domínios se tornou um inusitado desafio, perderam o controle da informação – mais ainda, da opinião que agasalhava suas decisões. 

A guerra às fake news é o campo de batalha, como foram as praias de Troia para gregos e troianos. Uma terceira guerra mundial em formato virtual vem sendo travada: de um lado, quem considera falsas as informações que sempre chegaram ao público; do outro, os que consideram falsas aquelas cuja divulgação não controlam mais.

Fato é: a opinião submissa aos interesses do “PODER” hoje perdeu relevância, e seu futuro se tornou trágico. Distorções e manipulações existirão sempre, mas contestáveis e refutáveis.

Musk difere substancialmente de qualquer político, é admirado dentro e fora dos Estados Unidos como um super-homem, um avatar das novas tecnologias, um gênio, um homem de riqueza incalculável. Esse tipo de figura costuma se preservar, colecionar obras de arte, se tornar como um xeque árabe, um filantropo, foge dos riscos e dos holofotes.

Na história dos últimos milênios, apenas um Caio Júlio César, algumas décadas antes de Cristo, de extraordinária riqueza e inteligência, lançou-se no mundo político. Como Musk, contrariou um sistema de interesses e conchavos, bom para poucos, que ele não aceitava. Quebrou a casca. Acabou trucidado, deixando um legado fantástico.

Mesmo morto, César venceu os donos do mundo de sua época, por sua extraordinária capacidade e pela coragem. Atravessou o Rubicão e conquistou Roma para fazer dela o maior império do Ocidente.

Dele derivou uma dinastia controversa, que escreveu capítulos indeléveis da história, com Augusto, Adriano, Marco Aurélio e os aloprados Nero, Calígula e Comodo. O Império Romano civilizou e continua a ordenar, depois de dois milênios, o planeta.

Os donos do mundo terão que se ajustar com Musk?

Ele quer mostrar como a eficiência (hoje relegada ao fundo das preocupações e pouco praticada no setor público) pode realizar milagres. 

Se ela der certo, só o tempo poderá comprová-lo. De qualquer forma, o que diferencia Musk dos demais fenômenos recentes é que ele tem coragem e atitudes para sair do virtual e entrar no real. Prestem atenção!!!