OPINIÃO

Karman

Carma tem memória de ferro, tanto para o bem quanto para o mal

Por Vittorio Medioli

Publicado em 01 de setembro de 2024 | 10:02

 
 
Carma é a essência da ação, que gera reação e alonga a cadeia infinita de causas e de efeitos Carma é a essência da ação, que gera reação e alonga a cadeia infinita de causas e de efeitos Foto: Photoholgic/Unsplash
Vittorio Medioli
Colunista de Opinião
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Uma leitora desta coluna me solicita um artigo sobre o carma, palavra sânscrita (“karman”) que se usa comumente para identificar uma “força geradora do destino”.

A ela se ligam também crenças de transmigração ou reencarnação, defendidas por todas as religiões orientais. Vale a pena lembrar que o cristianismo, na fase gnóstica, aceitava as teorias da reencarnação, definitivamente banidas no século VI depois de Cristo, quando a Igreja Católica passou a conceder ao homem uma única vida terrena e corpórea, seguida de uma eternidade espiritual no inferno, no purgatório ou no paraíso, até que, no Juízo Final, os eleitos sejam convocados a se sentar junto de Deus Pai.

Não me reputo suficientemente preparado para desvendar as dúvidas da minha amável leitora nem me incluo entre os teólogos ou teósofos capacitados a dar luz meridiana a uma questão cheia de incertezas e caixas de surpresas. Apenas me manifesto para desnudar minha ignorância e, talvez, com isso, não a deixar sentir-se sozinha. Estaremos, assim, sentados no mesmo degrau, aguardando a misericórdia de iluminados.

Iluminados como Annie Besant, que escreveu “Carma É Literalmente Ação”, pois ação é a realização de uma vontade – um verbo bíblico que desencadeou o Universo.

Nessa perspectiva, carma é a essência da ação, que gera reação e alonga a cadeia infinita das causas e dos efeitos que se sucedem numa eterna perseguição. Portanto, se tivermos ações e pensamentos de bem, tiraremos bons frutos e satisfações no futuro.

Ganham-se méritos também suportando com serenidade o pagamento das dívidas do passado. Passado que pode tardar, mas que sempre chega, apresentando sua conta. Será libertado do carma e entrará na “comunhão dos santos” ou no nirvana quem apreender a exercitar exclusivamente o bem incondicional e sem fronteiras. Não o bem egoísta dos desejos pessoais, mas o bem da humanidade inteira, pois somos facetas de uma única e inseparável realidade, na qual se gera e se esgota o carma.

Cristo disse ao paralítico: “Levanta, teus pecados te foram perdoados”, e acelerou, assim, com seu infinito amor, um destino. Mas quem imagina fugir do carma é um insensato, porque logo, ou mais tarde, a conta chegará.

Carma tem memória de ferro, tanto para o bem quanto para o mal. É um reservatório que armazena, conserva e devolve em perfeito estado de conservação tudo o que presenciou. 
Dele nada foge. Carma é a própria justiça divina.