Empreender em qualquer área no Brasil é complicado, mas, no comércio, é viver em uma verdadeira montanha-russa. Por aqui, a gente sente na pele os impactos das oscilações econômicas e do comportamento do consumidor. É um desafio diário equilibrar estoques, atender expectativas e manter o negócio de pé em um cenário tão volátil.
Especialmente em 2024, a alta taxa Selic tem sido um dos maiores desafios. Atualmente, em 12,75% ao ano, conforme dados divulgados pelo Banco Central, em 2024. A taxa foi fundamental durante a pandemia para controlar a inflação, mas sua manutenção neste patamar elevado, até hoje, por causa das despesas exacerbadas do governo, está sufocando o pequeno comerciante.
Com o crédito mais caro, muitos consumidores reduzem suas compras parceladas ou evitam compromissos financeiros maiores. Para nós, comerciantes, isso significa menos vendas, sobretudo, de valores mais altos. Além disso, o custo para manter e expandir o negócio também fica mais alto, visto que nós não conseguimos contratar crédito para investir em estoque, infraestrutura ou inovação, sem acabar preso em uma dívida enorme.
Para completar, o aumento da inflação do aluguel pesa no orçamento. O IGP-M, índice usado para reajustar a maioria dos contratos imobiliários, acumula alta de 6,33% nos últimos 12 meses, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE), e divulgado em 2024. Ou seja, os custos fixos continuam subindo, pressionando ainda mais os pequenos negócios.
Como medida para supostamente incentivar o comércio local, o governo implementou a chamada "taxa das blusinhas", um aumento na taxação de importados, que, teoricamente, buscava fortalecer o comércio nacional. Contudo, conforme informações divulgadas pela Receita Federal em 2024, não houve redução significativa dos impostos para os negócios locais conseguirem competir e crescer. Assim, a medida levanta a questão: será que realmente beneficiou os micro e pequenos empreendedores?
No fim, mais uma vez, ficamos espremidos entre os altos custos fixos e a falta de políticas reais de incentivo ao empreendedorismo. Por enquanto, seguimos nos reinventando para nos manter em pé. Mas até quando? Esperamos que 2025 seja diferente.