CORPUS CHRISTI

Tapetes como símbolo de espiritualidade, identidade e coesão social

Betim se encheu de cores e devoção durante a celebração. A Rua do Rosário transformou-se, por algumas horas, em uma expressão de arte a céu aberto.

Por Heron Guimarães

Publicado em 30 de maio de 2024 | 22:30

 
 
Sacos e mais sacos de serragem, sal e areias coloridas, entre outros materiais, foram providenciados em uma corrente de solidariedade e companheirismo Sacos e mais sacos de serragem, sal e areias coloridas, entre outros materiais, foram providenciados em uma corrente de solidariedade e companheirismo Foto: Laryssa Gabriella
Heron Guimarães
Colunista de Opinião
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Há dois anos, pela iniciativa do Padre Renê, Betim voltou a aderir à tradição de elaborar tapetes coloridos do Corpus Christi. A manifestação religiosa e cultural teve sua origem em Portugal, mais de quatro séculos atrás e, desde então, atrai milhares de pessoas às cidades históricas de Minas Gerais, como Ouro Preto, Mariana e Sabará, sendo trazida para o Brasil durante a colonização. 

Para os católicos, os desenhos nas ruas simbolizam a acolhida que Jesus teve em Jerusalém, quando as pessoas, para recebê-lo, cobriram os logradouros com ramos e mantos para sua passagem. 

Neste ano, surpreendi-me ao ver, por volta das 22 horas, boa parte da extensão da Rua do Rosário sendo tomada por um mundaréu de gente, entre crianças, jovens, adultos de todas as idades e idosos, todos com muita disposição de passar a madrugada construindo o tapete que seria apreciado no feriado pelos fiéis católicos durante a procissão da Igreja São Francisco até a Igreja São Cristóvão. 

Sacos e mais sacos de serragem, sal e areias coloridas, entre outros materiais, providenciados em uma corrente de solidariedade e companheirismo que trouxe para nossa cidade mais uma manifestação que vai entrar para o calendário local. 

A gastronomia e o pré-Carnaval, que já se estabeleceram na Rua do Rosário, ganham a companhia das artes e das expressões por meio dos tapetes coloridos em formas de símbolos e conexões com a Igreja Católica. 

Betim se encheu de cores e devoção durante a celebração. A via, tradicionalmente ocupada pelo movimento de carros e pessoas interessadas em entretenimento, comidas e bebidas, transformou-se, por algumas horas, em uma expressão de arte a céu aberto.

O costume já faz parte do coração da cidade, e a ideia rapidamente conquistou a comunidade. Viu-se o engajamento com entusiasmo na preparação dos materiais e na criação dos desenhos. Sentadas no meio do asfalto, as pessoas compartilharam ideias, empolgação e muita criatividade. O resultado pôde ser visto em cerca de mil metros de desenhos, mensagens e coloridos impressionantes. 

Como outros eventos organizados por instituições religiosas, esperamos que, a cada ano, mais moradores possam participar do ato de confecção dos tapetes, pois, mais do que uma expressão de espiritualidade e religiosidade, a iniciativa traz pra Betim energias positivas e valores importantes para uma cidade, como reunir e envolver a comunidade em atos conjuntos e solidários. 

Os tapetes representam cenas bíblicas, símbolos religiosos e homenagens a santos, mas expressam também a gratidão, a fé e o fortalecimento de laços comunitários, pois a montagem de tapetes exige trabalho em equipe, planejamento e dedicação. Que o legado do Padre René se renove e seja mais um símbolo de identidade e da coesão social de Betim.