CULTURA INCLUSIVA

Festival Imani celebra cultura e saberes do Kwanzaa no sábado (6)

Evento apresenta arte, música, feira criativa e vivências inspiradas nos princípios afro-diaspóricos

Por Marcio Antunes

Publicado em 04 de dezembro de 2025 | 23:43

 
 
Evento realizado pelo Coletivo Imani tem entrada gratuita, das 14h às 19h, na Biblioteca Pública Leonor de Aguiar Batista, no bairro Angola Evento realizado pelo Coletivo Imani tem entrada gratuita, das 14h às 19h, na Biblioteca Pública Leonor de Aguiar Batista, no bairro Angola Foto: Coletivo Imani / Divulgação

Betim recebe, no sábado (6), a 1ª edição do Festival Imani – Cultura e Saberes do Kwanzaa, evento criado para apresentar ao público a celebração afro-diaspórica conhecida como Kwanzaa, seus princípios comunitários e sua potência como expressão cultural. A programação reúne atrações artísticas, feira de empreendedores, exposição, mural interativo e momentos de convivência. A entrada é gratuita, das 14h às 19h, na Biblioteca Pública Leonor de Aguiar Batista, no bairro Angola. 

Coordenadora do festival, Jéssica Silva explica que o objetivo central é popularizar e ensinar o que é o Kwanzaa — uma celebração criada na década de 1960, nos Estados Unidos, por Maulana Karenga, que reuniu elementos culturais de diversos países africanos para marcar a identidade das populações negras na diáspora. “O festival Imani tem como objetivo promover o conhecimento acerca do Kwanzaa. Muitas pessoas desconhecem essa celebração. Queremos apresentar, explicar, convidar a comunidade a conhecer e se conectar”, destaca.

Embora o Kwanzaa seja tradicionalmente celebrado entre 26 de dezembro e 1º de janeiro, o evento em Betim acontece em outra data por um motivo pedagógico: “Nossa festa não segue exatamente o calendário original porque buscamos apresentar o Kwanzaa ao público de forma acessível. É um festival cultural, voltado ao ensino, ao encontro e à celebração”, completa Jéssica.

Programação representativa 

A programação do Festival Imani procura refletir os sete princípios do Kwanzaa, que tratam de valores como comunidade, criatividade e economia cooperativa. Entre as atrações, o público poderá conferir a exposição “Meu Corpo”, da artista e trancista Stefane Bernardo. Em ascensão na cena cultural de Betim, ela apresenta um trabalho que une técnicas da profissão com reflexões sobre corpo, identidade e experiência da mulher negra. “É um trabalho muito bonito, que fala sobre ser uma pessoa negra e periférica experimentando o mundo”, comenta Jéssica.

Outro destaque será o mural interativo criado pelo artista Lucas Niga, que propõe uma imersão através dos adinkras — símbolos que representam provérbios, ensinamentos e valores da cultura africana. O público será convidado a interagir com as imagens e participar da construção coletiva do painel.

A programação também inclui música, atrações artísticas e uma feira de empreendedores, seguindo o princípio do Ujamaa (economia cooperativa). Entre as presenças confirmadas está a escritora Laura Gouvea, autora de “Margot” e “Alguém para morar em meu telhado”. Quem também se apresentará no festival é o DJ Henderson, que trabalha com músicas influenciadas pelas culturas africana e brasileira. 

Valores coletivos 

O festival é uma realização do Coletivo Imani, criado em 2022 para estudar, celebrar e difundir o Kwanzaa em Betim. O grupo, formado por uma diretoria de dez pessoas e por membros que participam livremente das atividades, busca promover encontros que fortaleçam identidade, afeto e comunidade.

Além do festival, o coletivo mantém a atividade mensal PAPO — Pertencimento, Aquilombamento, Propósito e Origens: um espaço de fala e escuta sobre vivências da população negra. “O coletivo reflete a experiência da pessoa negra para além da dor. Falamos de afetos, de pertencimento e do direito de ocupar a cidade com tranquilidade e saúde mental”, afirma Jéssica.

Para ela, o festival é mais do que um evento: é um movimento de construção de vínculos na cidade.  “Temos a expectativa de que o Festival Imani ganhe espaço no calendário de Betim — e no coração dos betinenses. Para isso, primeiro é preciso conhecer. A gente quer tornar essa iniciativa conhecida para que as pessoas se aproximem.”