Evento realizado pelo Coletivo Imani tem entrada gratuita, das 14h às 19h, na Biblioteca Pública Leonor de Aguiar Batista, no bairro Angola
Foto: Coletivo Imani / Divulgação
Evento realizado pelo Coletivo Imani tem entrada gratuita, das 14h às 19h, na Biblioteca Pública Leonor de Aguiar Batista, no bairro Angola
Foto: Coletivo Imani / Divulgação
Betim recebe, no sábado (6), a 1ª edição do Festival Imani – Cultura e Saberes do Kwanzaa, evento criado para apresentar ao público a celebração afro-diaspórica conhecida como Kwanzaa, seus princípios comunitários e sua potência como expressão cultural. A programação reúne atrações artísticas, feira de empreendedores, exposição, mural interativo e momentos de convivência. A entrada é gratuita, das 14h às 19h, na Biblioteca Pública Leonor de Aguiar Batista, no bairro Angola.
Coordenadora do festival, Jéssica Silva explica que o objetivo central é popularizar e ensinar o que é o Kwanzaa — uma celebração criada na década de 1960, nos Estados Unidos, por Maulana Karenga, que reuniu elementos culturais de diversos países africanos para marcar a identidade das populações negras na diáspora. “O festival Imani tem como objetivo promover o conhecimento acerca do Kwanzaa. Muitas pessoas desconhecem essa celebração. Queremos apresentar, explicar, convidar a comunidade a conhecer e se conectar”, destaca.
Embora o Kwanzaa seja tradicionalmente celebrado entre 26 de dezembro e 1º de janeiro, o evento em Betim acontece em outra data por um motivo pedagógico: “Nossa festa não segue exatamente o calendário original porque buscamos apresentar o Kwanzaa ao público de forma acessível. É um festival cultural, voltado ao ensino, ao encontro e à celebração”, completa Jéssica.
A programação do Festival Imani procura refletir os sete princípios do Kwanzaa, que tratam de valores como comunidade, criatividade e economia cooperativa. Entre as atrações, o público poderá conferir a exposição “Meu Corpo”, da artista e trancista Stefane Bernardo. Em ascensão na cena cultural de Betim, ela apresenta um trabalho que une técnicas da profissão com reflexões sobre corpo, identidade e experiência da mulher negra. “É um trabalho muito bonito, que fala sobre ser uma pessoa negra e periférica experimentando o mundo”, comenta Jéssica.
Outro destaque será o mural interativo criado pelo artista Lucas Niga, que propõe uma imersão através dos adinkras — símbolos que representam provérbios, ensinamentos e valores da cultura africana. O público será convidado a interagir com as imagens e participar da construção coletiva do painel.
A programação também inclui música, atrações artísticas e uma feira de empreendedores, seguindo o princípio do Ujamaa (economia cooperativa). Entre as presenças confirmadas está a escritora Laura Gouvea, autora de “Margot” e “Alguém para morar em meu telhado”. Quem também se apresentará no festival é o DJ Henderson, que trabalha com músicas influenciadas pelas culturas africana e brasileira.
O festival é uma realização do Coletivo Imani, criado em 2022 para estudar, celebrar e difundir o Kwanzaa em Betim. O grupo, formado por uma diretoria de dez pessoas e por membros que participam livremente das atividades, busca promover encontros que fortaleçam identidade, afeto e comunidade.
Além do festival, o coletivo mantém a atividade mensal PAPO — Pertencimento, Aquilombamento, Propósito e Origens: um espaço de fala e escuta sobre vivências da população negra. “O coletivo reflete a experiência da pessoa negra para além da dor. Falamos de afetos, de pertencimento e do direito de ocupar a cidade com tranquilidade e saúde mental”, afirma Jéssica.
Para ela, o festival é mais do que um evento: é um movimento de construção de vínculos na cidade. “Temos a expectativa de que o Festival Imani ganhe espaço no calendário de Betim — e no coração dos betinenses. Para isso, primeiro é preciso conhecer. A gente quer tornar essa iniciativa conhecida para que as pessoas se aproximem.”